27.12.08

Dois mil e nove.

'xá só passar o vestibular qu'eu dou um jeito nesse layout horrível. É isso.

24.12.08

No mármore de tua bunda

No mármore de tua bunda gravei o meu epitáfio.
Agora que nos separamos, minha morte já não me pertence.
Tu a levaste contigo.

Carlos Drummond de Andrade, Amor Natural

21.12.08

Give it up, São Paulo!

NUNCA uma espera de quatro anos valeu tanto a pena (se cabe aqui uma piada-de-gente-idiota, valeu a galinha toda, sem qualquer referência).

-my sugar is raw!

19.12.08

tinta-na-cabeça

porque até o azul do céu se renova.

cores cores cores

cores cores cores!
heh.

18.12.08

UNIFESP 2009

Quando uma faculdade faz um vestibular cujo tema é a morte da Dercy, você sabe que ela é séria!

14.12.08

Já?

Mas eu tenho a vida tooooda pra virar gente!

13.12.08

Boneca fechada

"Já se dizia no meu
tempo: todo bandiguei
que se preze tem seu
gaydacu furolho."

"Se joga, pintosa.
Põe rosa!"
(Lema Drag)

Num tempo em que Cher ainda tinha cabelo, a buatchy Moon Spaikle era lotada de estrelas. Sheila-Shoulder, o strass Swarowiski da casa, tinha clientes fixos que a presenteavam com toda sorte de brilhos.

A mona era tudo o que uma trava queria ser: suas unhas de silicone-gel eram um escândalo-bee!-garras-de-pavão; as madeixas castanho-dourado-balaiage-surf-hair recebiam escovas hidratantes de manteiga de karité, chocolate e morango semanalmente; tinha olhos verde-esmeralda, herança dinamarquesa da avó, realçados pelos cílios postiços compridéééérrimos.

Helly Colêra amava aquela gata malhada. Conheceram-se quando Sheylinha era Robson e não passava de uma bichinha-pão-com-ovo. Colêra era um gatão meia-idade, bombadão e depilado, barbie oleosa das baladas GLBT, dançava furiosamente com seus flags ti-di. E tudo destacado pela reluzente corrente-coleira, origem da alcunha.

Porém a felicidade desse colorido casal de Malhação versão purpurina era perturbada pela despeita de uma beesha invejosa: a malévola Janete Poquete - "'Boquete'? Não, 'Porquete'!"

Janete Poquete era traíra: queria todo aquele brilho da boneca mais famosa, nada menos que isso. A exu-berância das curvas barbie-fairy-thopia inundavam os olhos da rival de cobiça. A mona invejosa praguejava, achava que era um puta-mundo-injusto-meu!: a outra tinha "money, fame, glam success", enquanto ela era uma gata borralheira naquela casa de drag.

Mas Janete não era passiva-uepa! - corria atrás do prejuízo - era uma quase-mulher guerreira. Numa tarde, jogada em seu divã rosa, usando o baby-doll comido pelas traças e calçando meias frouxas, ideiou um diabolicismo que poria fim naquele martírio: uma cartomante despacharia um trabalhinho contra aquela barbie-falsa, coisinha pouco. Levantou, deu um tapa na maquilagem e foi procurar uma colega de longa data que daria um jeito nesse puta-mundo-injusto-meu!

Nos confins de Guaianazes, Mãe Abigail, poderosíssima baiana, fazia de tudo: desde quiromancia, passando por leitura de runas, borra de café, tarot de Marselha, búzios, até manicure e pedicure.

Janete estava disposta a fazer daquele despacho um investimento, investimento num fundo (e que fundo!) de renda fixa, investindo para colher os juros depois.

O trabalho faz o cabelo da mocréia cair todo. Bibi disse ser da boa. Só umas mechas do cabelo e o scarpin do figurino.

Do cabelo não se tinha. Janete Poquete apoderou-se dos restos da depilação íntima de Sheyla. O trabalho fica até mais forte assim. Farofa de crista de galo regada a óleo de dendê socada dentro do sapato. Despacho feito, afastou-se rindo o riso mais maligno.

Sheylinha boneca, entretanto, fechava o corpo todo dia. Clientes feiticeiros abriam-lhe a alma e lhe fechavam o corpo. Mas nunca que trabalho do tipo pegava na bee!

O duelo foi frente-a-frente; muitas unhas e cabelos, chutes, pontapés, purpurina e estampa de oncinha. Porquete - "'Boquete'? Não, 'Poquete'!" - sagaz tirou da bag-Louis-Vitton-Vinte-e-Cinco o outro sapato do par-de-show. Cravou o salto do pescoço de Sheyla Shoulder, aqui, onde a carne é mais macia; um jato de sangue escapou-lhe a 50 joules numa inclinação de 63,5 graus. O sangue reluzia prata brilhoso-carnavalesco. Minha avó já me dizia: "Silêncio é morte de puta.". O mundo se calou. E se brilhou em purpurina.

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Trabalho pra Carla. Supostamente um conto Guimarães-Rosa-Style. Dinha, Aline, Damaris e eu.
(Nunca duvide da criatividade da Damaris. E da minha veia trágica.)

Igreja Libertária de Poesia Moderna

Agradeço a Mario de Andrade pela graça alcançada.

11.12.08

Sobre o deserto do Atacama.

Sabiam que o deserto do Atacama é deserto porque é seco, e é seco por causa de uma corrente marítima fria, e que essa corrente marítima fria vem do pólo Sul, e que o nome dela é Humboldt?
Eita vida besta, meldels.

8.12.08

Sebastianismo intra-pessoal.

Mano, eu era mais legal quando tinha oito anos. (sem qualquer referência a Dona Aurora)

Diálogo extra-astrológico

(Anninha ^^)

Clara olhava a lua,
Deitada na grama.
Rechonchuda,
Fitava de volta a garota.

Clara sorria à lua,
Deitada na grama.
Faiscante,
Sorria de volta à garota.

Clara dormia à lua,
Deitada na grama.
Reluzente,
Ninava, então, a garota.

Clara falava de amor à Lua,
Deitada na grama.
A Lua, no entanto, não compreendia.
- Luas não foram feitas para amar, mas para sorrir
Cintilantes
No céu estrelado
Aos amantes.

4.12.08

Matamoros (da Fantasia)

"(...), pensei morrer, disse vou morrer sim, ficarão abraçados nos minutos primeiros, as caras tétricas, e muito soluçosos nesta noite de pios da minha morte, depois a alegria há de tomá-los, mas por pouco tempo porque meu espectro estará rondando casa e quarto, arrefecendo o instante de ladineza, entre o corpo dos dois estará Matamoros, nuvem gélida espalhando padecimento e perdição, não deixarei que sintam a desnudez de nenhum, hão de tocar-se mas de espanto os dedos encolhidos saberão que tocaram o hórrido vazio, matéria de ninguém (...)"

Tu não te moves de ti, Hilda Hilst

1.12.08

Tratado sobre a morte e a não-vida.

No meio do caminho
tinha uma pedra
(e uma barata morta)
As formigas subiam-lhe e lhe devoravam os restos
(da barata,
não da pedra)