22.4.09

Tânat[-Er]os

Se se morre de amor! - Não, não se morre
Se morre, antes, dos dias,
de enfarto, hemorragia,
DST, cirrose hepática,
tuberculose, malária,
desnutrição cancerígena,
o mal do século, bala perdida.

Se se morre de amor! - Não, não se morre
Se morre, antes, da vida:
da morte,
anunciada.

18.4.09

3.4.09

[sem título]

Voava o Condor dizendo
"Melhor era o céu anil
Lá da terra do meu sangue"
Lá palmeiras (mais de mil)
Verdejavam os jardins
Que não via no Brasil

Sabiá olhava torto
Para o pássaro estrangeiro
Queria contar-lhe toda
História do brasileiro,
Desde os antigos indígenas
Que estavam aqui primeiro.

"Ano de 1500
Chegaram as caravelas
E todos os portugueses.
Nossas matas, de tão belas,
Invadidas pelo branco
Hoje não há nada delas.

São Vicente foi fundada:
O princípio da minha terra.
Terra fria e sem cana,
Pr'o progresso a espera.
O regente no Brasil
Descobriu a roxa serra.

Desde então se vê riqueza
Na tal vila rejeitada.
Desigual, nossa cidade
De miséria é cercada,
A São Paulo da garoa
Hoje vive de enxurrada.

Do progresso do café,
Das bandeiras, os primores:
Nossas ruas têm mais gente,
Nosso céu não tem mais cores,
Nossas noites têm mais tiros,
Na Augusta, mais amores."

Sabiá o tendo dito,
Alçou voo, foi pr'exílio.


Trabalho de Literatura do ano passado >D